quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Da Amazônia

Ainda no período de graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa), uma questão permeava os debates em sala de aula: apesar de muito estudada em diversos campos do conhecimento, há, por outro lado, certo desconhecimento em relação à Amazônia, inclusive por parte dos próprios nativos da região, como eu.

A complexidade amazônica exige de quem quer compreendê-la um olhar demasiado atento e, principalmente, interdisciplinar. Apesar da recorrente predominância da centralidade das discussões sobre a região em torno da questão ambiental, este mesmo campo perpassa áreas como a economia, história, sociologia/antropologia e, por que não, a própria comunicação.

De acordo com o sociólogo e jornalista paraense, Lúcio Flávio Pinto, editor do periódico alternativo quinzenal Jornal Pessoal, para alguém dizer que conhece minimamente a Amazônia precisa, pelo menos, já ter visitado o Porto de Trombetas, a UHD de Tucuruí, Barcarena e as minas de Carajás. Confesso, envergonhado, que ainda não vi de perto tais lugares. Mas essa é apenas uma das formas de se aproximar, pela via socioeconômica, da complexa dimensão amazônica.

Há, contudo, outros caminhos a serem percorridos no intuito de compreender a Amazônia. Na academia, por exemplo, duas linhas de pesquisa chamam-me a atenção: a invisibilidade urbana do homem amazônico ante a dominância do discurso ambiental e a dimensão estética da cultura amazônica a partir da conversão semiótica realizada por seus habitantes.

Entendo estas duas vias não como contraditórias, mas sim, complementares. Se, por um lado, desconsidera-se o amazônida na sua experiência de vida com a floresta – a sociabilidade nativa; por outro, revela-se não só a existência deste homem como, ainda, sua relação filosófica com sua própria cultura (diga de passagem, cultura popular).

É no interstício entre estes dois caminhos que pretendo abrir uma perspectiva de pesquisa, por meio da observância da cultura popular amazônica. Antes de pensar o que nós (acadêmicos, formados pela educação euro-ocidental, urbanos modernos) sabemos sobre a Amazônia, interessa-me verificar o que diz o amazônida (ribeirinho, caboclo) sobre si mesmo e a região.

Nenhum comentário:

Postar um comentário