Ainda no período de graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa), uma questão permeava os debates em sala de aula: apesar de muito estudada em diversos campos do conhecimento, há, por outro lado, certo desconhecimento em relação à Amazônia, inclusive por parte dos próprios nativos da região, como eu.
A complexidade amazônica exige de quem quer compreendê-la um olhar demasiado atento e, principalmente, interdisciplinar. Apesar da recorrente predominância da centralidade das discussões sobre a região em torno da questão ambiental, este mesmo campo perpassa áreas como a economia, história, sociologia/antropologia e, por que não, a própria comunicação.
De acordo com o sociólogo e jornalista paraense, Lúcio Flávio Pinto, editor do periódico alternativo quinzenal Jornal Pessoal, para alguém dizer que conhece minimamente a Amazônia precisa, pelo menos, já ter visitado o Porto de Trombetas, a UHD de Tucuruí, Barcarena e as minas de Carajás. Confesso, envergonhado, que ainda não vi de perto tais lugares. Mas essa é apenas uma das formas de se aproximar, pela via socioeconômica, da complexa dimensão amazônica.
Há, contudo, outros caminhos a serem percorridos no intuito de compreender a Amazônia. Na academia, por exemplo, duas linhas de pesquisa chamam-me a atenção: a invisibilidade urbana do homem amazônico ante a dominância do discurso ambiental e a dimensão estética da cultura amazônica a partir da conversão semiótica realizada por seus habitantes.
Entendo estas duas vias não como contraditórias, mas sim, complementares. Se, por um lado, desconsidera-se o amazônida na sua experiência de vida com a floresta – a sociabilidade nativa; por outro, revela-se não só a existência deste homem como, ainda, sua relação filosófica com sua própria cultura (diga de passagem, cultura popular).
É no interstício entre estes dois caminhos que pretendo abrir uma perspectiva de pesquisa, por meio da observância da cultura popular amazônica. Antes de pensar o que nós (acadêmicos, formados pela educação euro-ocidental, urbanos modernos) sabemos sobre a Amazônia, interessa-me verificar o que diz o amazônida (ribeirinho, caboclo) sobre si mesmo e a região.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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