Sinto, e mais uma vez posso estar enganada, como tantas vezes já disse, porque nisso de sentir quase sempre me confundo, iludo, mas sinto como se lá no fundo tudo que houvesse ou tivesse ficado no lugar de qualquer coisa que agora não sei mais o que é, dizer, porque talvez eu ainda não saiba compreender muito do que se passa comigo, dentro de mim, enfim. Mas como eu ia dizendo, mais uma vez (sempre tive essa mania de me repetir que, apesar de parecer inconsciente, me repito mesmo para ver se entendo ou enraízo no profundo disso que chamo de eu pelo menos um pouco do que vou dizendo para fora, digo em excesso, eu sei!, por isso às vezes acho tão difícil tentar falar disso que estou querendo dizer agora),
os olhos cantando o silêncio dos abismos , a boca grafando no tempo ecos desse outro soturno, quase sempre triste, mesmo quando vaga sem sentido pelas ruas da cidade uma manhã de quem posso ser
como se das profundezas de mim emergisse um outro tão turvo quanto este que sorri, trabalha, escreve e dissesse que não, que nada, que nunca! então mergulho nas incertezas do que sentir, pensar, fazer e, sempre sem conseguir, tento chorar como para desaguar essas emoções estranhas e insistentes que correm sem rumo dentro do peito e, esquecido de mim que sou, me afogo porque ainda não aprendi a nadar, a correnteza me levando violenta, homem frágil, sentimentalmente bruto.
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